segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Quanto posso colocar no prato?

Uma das questões mais frequentes de quem começa nosso programa de reeducação alimentar é em relação às quantidades. Quantas colheres de arroz posso colocar no prato? Quantas fatias de pão? Qual o tamanho da porção de queijo? E assim vai...

A verdade é que o fato de não estipularmos o tamanho nem a quantidade das porções em nosso exemplo de cardápio confunde um pouco as pessoas. Estamos todos habituados a ouvir que "comemos demais", e que "dieta é para passar fome"! Oi?? Como eu já disse, aqui nós não fazemos dieta, lembra? Nosso propósito é outro!!!

Na reeducação alimentar, o primeiro movimento é melhorar a qualidade de nossa alimentação. Não falamos em quantidade. O mais importante é voltar a comer comida de verdade, é desintoxicar o organismo de todas as químicas que colocamos para dentro nos últimos anos... É voltar a sentir o sabor dos alimentos, a leveza do corpo, a consciência dos sentidos.

Como, assim???? Mas como vou saber quantas calorias estou comendo?? Se não diminuir as calorias, não emagreço!!! Quantas calorias tem uma fatia de pão? E uma colher de arroz?

Ok, vamos explicar algumas coisas então... Caloria é a capacidade que o alimento tem de gerar calor dentro da gente. Na verdade, a caloria se refere a qualquer forma de geração de calor em qualquer ambiente - serve para a indústria, por exemplo. E para quê eu preciso gerar calor dentro do organismo? Para fazer com que todas as células do corpo possam funcionar! Este "calor" que vem dos alimentos nada mais é do que o combustível, a energia para que esta maravilhosa máquina que é o nosso corpo possa trabalhar direitinho. Como se fosse um carro... ele precisa de combustível para andar, certo? Tem um tanque, onde a gasolina fica guardada e de onde o motor vai tirando a quantidade necessária para funcionar. 

Nosso corpo funciona mais ou menos assim também. Temos um lugar para fazer a reserva deste combustível (as células de gordura são nosso "tanque de reserva"), e o organismo vai usando a energia que tem para funcionar durante as 24 horas do dia e da noite - é, porque a gente dorme mas o corpo não pára nem um minuto!!! E, quando estamos com fome, é sinal de que a energia está acabando... mesmo quando ainda temos uma reserva (o organismo não gosta muito de mexer na poupança que tem!!).

Mas estamos falando de comida, certo? E nem todo alimento produz a mesma quantidade de caloria. Uns produzem menos (os carboidratos e as proteínas) e outros produzem mais (as gorduras). Esta quantidade de calor que cada alimento gera é útil quando a gente precisa saber quanto de energia a pessoa precisa para se manter saudável durante o dia. Mas... a gente precisa lembrar que nem tudo o que a gente come vira energia ou reserva. Alguns alimentos podem ser utilizados pelo organismo para outras coisas, como a membrana da célula ou a produção de hormônios... Além disso, o trabalho que o organismo tem para transformar o alimento em energia é diferente também, e depende do estado geral em que este organismo está e no tipo de alimento que a gente oferece a ele.

Então, de novo: o que vale é a qualidade do que comemos. Se o combustível que a gente coloca no carro for ruim, o motor engasga, a bomba derrete, o carro não anda. Se comemos muitos produtos industrializados, cheios de aditivos químicos e sem nutrientes de verdade, nosso organismo terá mais dificuldade em transformar tudo isso em energia, e estará sempre pedindo mais. Além disso, as células estarão trabalhando mal e nossa sensação de bem-estar vai estar se perdendo por aí, deixando a gente ansioso e confuso, buscando consolo em... mais comida!

Mas, se a gente começa a fazer escolhas mais inteligentes e come comida de verdade, com nutrientes que podem ser aproveitadas pelo nosso organismo de forma mais completa, chegando a alegria e a saúde até nossas células - a energia nos invade!! 

E, aí, a questão da quantidade vem de carona nesse bem-estar. Percebemos que estamos bem, o corpo não fica sinalizando falta de energia a toda hora e somos capazes de ter a mente clara para saber o quê, quando e quanto comer. Sem pressão, sem estresse. 

Isso é liberdade. Isso é autonomia. Isso é consciência. Isso é saúde.

sábado, 24 de outubro de 2015

Você tem fome de quê?

A gente sempre acha que o problema no processo da reeducação alimentar é a fome. Será mesmo?

Mas você sabe o quê é fome? Lá no dicionário a gente vê que fome é o nome que se dá à sensação física de que o corpo precisa de alimento para continuar seu trabalho e manter a vida. Por isso, em casos graves, a fome compromete a saúde, o organismo e pode até levar à morte. 

Mas é uma sensação. Alguma coisa que a gente sente a partir de estímulos no nosso cérebro. E, se tudo começa no cérebro... o que estimula a minha sensação de fome? Afinal, eu tenho fome de quê?

A banda Titãs tem uma música que fala sobre isso, e diz que a gente não quer só comida, mas também diversão, arte, balé, dinheiro, amor, felicidade... 

Só que a coisa vai longe, é um processo antigo... Vamos lembrar que, desde que a gente é pequeno, bebê, alguém colocava alguma coisa em nossa boca quando a gente chorava ou resmungava: um peito, uma mamadeira, uma chupeta... Não foi? Será que hoje, quando estou triste ou cansada ou irritada... também não me consolo colocando alguma coisa na boca porque tenho a sensação de estar com fome?...

Uma outra coisa que muitas vezes confunde o cérebro é a distração. Eu como sem perceber, sem me dar conta, no automático... porque é mais fácil, porque é gostoso, porque todo mundo está comendo... Mas, e meu propósito de emagrecer?...

E aí eu caio num círculo vicioso: estou triste, começo a comer, entro na onda dos outros, engordo, fico triste de novo, me sinto incapaz de conseguir atingir minha meta, fico irritada comigo mesma e começo de novo a comer... Não tem fim. 

Lembra que eu falei lá em cima que a fome é uma sensação? Então. Primeiro, eu preciso reconhecer a sensação de fome. Naquela música dos Titãs, a fome tem 3 caras: a do desejo, a da vontade e a da necessidade. Qual é a verdadeira? Como saber?

Prestando atenção. Para isso, a gente precisa parar tudo - o pensamento, a emoção, a vontade, o desejo... Parar tudo. Respirar. Prestar atenção ao corpo... O que está acontecendo? O que estou sentindo no meu corpo? Prestar atenção às emoções... Como eu estou? O que estou sentindo no meu coração? Estou triste, alegre, cansada, irritada, ansiosa...? E, por fim, prestar atenção às escolhas... E identificar a necessidade. Eu preciso disso? Preciso agora? Preciso dessa quantidade toda?...

Não é preciso se privar. Como dizia o poeta, posso tudo mas nem tudo me convém. O sofrimento gera mais ansiedade e tristeza, e nos faz cair de novo. Estamos aqui para ser feliz - e isso representa saúde, alegria, bem-estar, auto-estima elevada. Mas... isso depende das melhores escolhas que fazemos. O cérebro fica feliz quando fazemos as boas escolhas. E fazer boas escolhas depende de um estado íntimo de tranquila atenção.

Então... você tem fome de quê?

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Como começar?

A grande pergunta que fica para quem decidiu dar a guinada na sua qualidade de vida é: por onde eu começo???? Tanta coisa para consertar... E é claro que a vontade de mudar já é o primeiro e o principal passo!!!

No Grupo COPPA valorizamos os pequenos detalhes do dia-a-dia que podem fazer muita diferença. A começar pelo poder das palavras... mas sobre isso falamos depois! Muitas coisas importantes acontecem quando compreendemos que estamos fazendo uma reeducação alimentar, estamos num processo de longo prazo, focando na qualidade de vida.

Assim, para ajudar no processo, o grupo da USF Vila Saúde construiu um check-list de atitudes saudáveis para iniciar nosso programa. Tenha esses passos sempre em mente e vá caminhando por eles, no seu ritmo, até alcançar todos. São eles:

- Limpar os armários da despensa e a geladeira de produtos não saudáveis.
- Ter o exemplo de cardápio saudável sugerido sempre à mão.
- Programar o cardápio da semana de acordo com nosso exemplo de cardápio saudável, procurando variar bastante os alimentos por grupo.
- Fazer uma lista de compras antes de ir à feira ou ao supermercado.
- Utilizar frutas, legumes e verduras da época (mais baratos, mais gostosos, mais saudáveis).
- Não pular nenhuma refeição.
- Fazer as refeições à mesa.
- Não colocar travessas na mesa.
- Desligar aparelhos eletrônicos como televisão, computador, celular, videogame e outros durante a refeição.
- Reduzir o tamanho do prato.
- Pousar os talheres na mesa entre as garfadas, mastigando bem os alimentos.
- Se quiser beber alguma coisa na refeição, que seja um copo de água ou suco natural de limão ou maracujá.
- Terminar a refeição com vontade de repetir. Levante da mesa antes de "cair em tentação" e vá escovar os dentes!!
- Beber bastante água durante o dia - entre 6 a 10 copos. Coloque rodelas de limão ou laranja para aromatizar se quiser.
- Praticar alguma atividade física durante o dia: caminhar, dançar, pular corda, subir escadas, fazer faxina... Durante no mínimo 30 minutos.
- Evitar açúcar, doces, produtos industrializados, embutidos, refrigerantes, bebidas energéticas.
- Cuidado com o uso de adoçantes!!! Sempre com moderação!
E, é claro... não falte aos nossos encontros!!

Boa sorte! Estamos juntos nessa!! ;)

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Perda de peso: um desafio?

Perder peso é um desafio? Uma grande batalha? Muito difícil?... Por que?

Um estudo feito em Brasília, em 2014, identificou alguns fatores que podem dificultar a perda de peso: falta de tempo, ansiedade, baixa auto-estima, ter em casa alimentos muito calóricos, influência (boa ou ruim) da família, "facilidade" em ganhar peso, falta de autocontrole e falta de motivação para mudança. Você se identificou com algum?...

E então a gente vai buscar alguma solução mágica que dê jeito neste problema tão complicado. Uma solução que faça desaparecer em questão de dias tudo aquilo que a gente levou anos, às vezes uma vida inteira, para acumular. Para isso existem as maravilhosas fórmulas que a mídia tenta empurrar: pós, cápsulas, chás, sementes, sucos, qualquer coisa que prometem tudo que a gente sempre quis!! Mas... será que funcionam mesmo?

O pior é que a gente sabe que não. O tal estudo também concluiu que saber das complicações da obesidade não facilita o processo de emagrecimento. Não depende apenas do entendimento, nem do conhecimento. Emagrecer envolve muito mais que isso. Envolve a perda - não só dos quilos indesejáveis! - mas de um corpo ao qual eu já tinha me acostumado... A perda de um lugar confortável lá no fundo da minha tristeza... A perda da alegria de comer o que gosto... A perda da despreocupação...

Tudo isso é muito frustrante... Mas, o quê fazer? Como desatar este nó?

Mudando o foco. Não estamos aqui buscando soluções imediatas nem temos prazos determinados. Ninguém aqui faz dieta - que tem começo, meio e fim. O que estamos buscando é maior que isso, é mais profundo, mais duradouro. Mais real.

Mudar depende muito da importância que damos à situação, e também da capacidade de mudar. E o problema está aí: estamos gordos, pesados, cheios de limitações, dores, com baixa auto-estima e com a saúde abalada. Isso é importante. É nossa vida. É nossa felicidade que está doente. E, vamos combinar?, estamos todos aqui para ser feliz!!!!

Ser feliz e emagrecer? É possível?... Sim, é. E o Grupo COPPA se propõe a ir além do controle alimentar, porque a felicidade vai além disso. Juntos, buscamos construir caminhos para lidar com as perdas, controlar sentimentos e impulsos, reconstruir novos valores. Juntos. Porque sozinhos não conseguimos ir mais longe. Juntos nos apoiamos, incentivamos, motivamos, consolamos... trocamos idéias, sentimentos, receitas.

Junte-se a nós neste desafio diário em busca de uma melhor qualidade de vida!